A destinação ao Grande ABC de R$ 169,6 milhões em emendas patrocinadas por deputados estaduais da região nos anos de 2023 e 2024, embora significativa, expõe uma lacuna que precisa ser enfrentada com seriedade: a quase inexistente priorização da saúde mental. Apesar de recursos importantes terem sido canalizados para o custeio da saúde geral nos municípios, conforme revela levantamento do Diário, a ausência de investimentos específicos para atendimento psicológico, psiquiátrico e prevenção ao adoecimento psíquico evidencia um distanciamento entre as decisões parlamentares e a realidade enfrentada pelas sete cidades. Problemas como depressão e ansiedade atingem todas as faixas etárias e pressionam um sistema público ainda despreparado.

A campanha Nossa Saúde Mental, encabeçada por este jornal, busca justamente jogar luz sobre esse desequilíbrio e mobilizar a opinião pública em torno de uma pauta muitas vezes negligenciada. É responsabilidade dos dez deputados estaduais com base eleitoral no Grande ABC assumirem o compromisso de transformar emendas em instrumentos efetivos de cuidado a quem sofre de transtornos mentais. A existência de centros especializados, equipes multiprofissionais e ações de prevenção depende de recursos contínuos, e os parlamentares possuem a prerrogativa de direcionar verbas conforme as urgências do território que representam. O volume total de emendas revela capacidade de articulação política, mas falta alinhamento com as necessidades da população.

O assunto, importantíssimo, requer união e alinhamento. Por isso, é indispensável que os próximos repasses sejam planejados com foco na estruturação e ampliação dos serviços voltados à saúde mental. O cenário pós-pandemia, somado às pressões sociais e econômicas presentes no dia a dia, ampliou o sofrimento psíquico e torna insustentável qualquer atraso na construção de respostas públicas adequadas. O Diário, que hoje celebra 67 anos de circulação ininterrupta e de dedicação ao Grande ABC e à sua gente, concita os deputados estaduais a se somarem à campanha e a reorientarem suas prioridades. Que a força eleitoral conquistada nas urnas em outubro de 2024 se traduza em sensibilidade e compromisso com um tema que já não pode mais esperar.