Morador de São Bernardo, João Alves Pereira tem 115 anos e diz que vai viver até os 130
Quem vê João Alves Pereira andando perfeitamente e falando com total lucidez não imagina que ele já completou 115 anos de vida. Nascido em Itajuípe, na Bahia, em 7 de janeiro de 1910, é morador de São Bernardo há cerca de quatro décadas. O centenário, que se autointitula ‘corintiano roxo’, veio ao mundo antes mesmo da fundação de seu time do coração – em 1º de setembro do mesmo ano –, acompanhando toda sua história.
Sua neta, a cuidadora Alessandra Cristina de Jesus Pereira Lima, 42, está reunindo a documentação necessária para comprovar ao Guinness World Records, o livro dos recordes, que o avô é o homem mais velho do mundo, já que o atual detentor do título, João Marinho Neto, também brasileiro, natural do Ceará, tem ‘apenas’ 112 anos. “Vou viver até os 130”, afirma João Pereira.
Janja, como é carinhosamente chamado, não teve uma trajetória fácil. Neto de uma ex-escrava, que viveu 115 anos, perdeu os pais ainda cedo e, devido a maus tratos na família, resolveu encarar o mundo com apenas 9 anos. “Aprendi a fazer pão e fui padeiro por 15 anos. Depois fui cortar cana e também plantei cacau. Fui andando por aí e, da Bahia cheguei em Minas Gerais”, conta. Há cerca de quatro décadas desembarcou em São Paulo. “Primeiro fui para Campinas, onde fui serralheiro, e depois vim para São Bernardo e trabalhei por muitos anos como pedreiro em uma construtora”, diz.
Casou-se por quatro vezes, mas foi em sua última união, com Maria Saturnino, morta em 2002, aos 76 anos, que João Pereira se firmou e formou uma grande família de cinco filhos, 20 netos e 10 tataranetos. Foram mais de 60 anos juntos. “Minha primeira esposa morreu 15 dias após o parto em que nosso filho também faleceu. Foi muito sofrimento. Ela perdeu a vida em meus braços. Chamava Dete. Todas as minhas mulheres já morreram”, lembra.
O centenário teve ainda, do terceiro casamento, mais quatro filhos. O mais velho deles tem 80 anos, com o qual Janja não tem mais contato. O restante, dois homens e uma mulher, faleceu. “Algumas coisas eu esqueci, porque estou ficando velho”, brinca ele.
João Alves Pereira, que adora ouvir música de todos os estilos no seu inseparável rádio, onde também acompanha a jogos do Corinthians, trabalhou oficialmente até cerca de 80 anos. Porém, não parou nem depois de se aposentar. Construiu, naquela idade, tijolo a tijolo, a casa onde mora com a neta Alessandra e dois de seus bisnetos. E ainda hoje impressiona pela destreza com que se movimenta, inclusive subindo e descendo escadas.
Manter-se ativo é segredo da longevidade
A neta de João Alves Pereira, de 115 anos, Alessandra Pereira Lima, 42, acredita que o segredo da longevidade do avô é manter corpo e mente sempre ativos. “Ele faz tudo sozinho. Come, toma banho, anda pela casa sem precisar de ajuda. Na rua ele só precisa de ajuda porque foi perdendo a visão, por causa do glaucoma. Ele também administra o próprio dinheiro, faz suas compras, como roupas e lençol, e vai no cabeleireiro, que fica na rua de casa. Ele é independente”, revela.
Quanto à alimentação, também não há restrições, mas o centenário gosta de “comida de verdade”. “Ele come de tudo, feijoada, cuscuz, tapioca. Ele adora chocolate. Mas salsinha ele não come, nem toma refrigerante”, diz Alessandra, que aprendeu a cozinhar com o avô. “Ele que me ensinou a fazer tudo. Como corta, por exemplo, um frango. Cozinhou para a gente até quase 100 anos, só parou porque começou a perder a visão e não deixamos mais com medo dele se cortar”, explica.
Quando estava com 110 anos, João Alves Pereira enfrentou duas vezes a Covid-19, logo no primeiro ano de pandemia. “Ele ficou um mês tendo febre todos os dias, mas se recuperou. Ele também sobreviveu a um AVC (Acidente Vascular Cerebral), sem sequelas. Ele tem ótima saúde, apenas pressão alta e o glaucoma”, garante Alessandra.
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