A denúncia de fraudes contra operadora de saúde em São Caetano, detalhada nesta edição do Diário, lança luz sobre um problema que onera diretamente o bolso de milhões de brasileiros: a corrupção na saúde suplementar. O fisioterapeuta Pedro Luis Sampaio é suspeito de forjar atendimentos com receituários médicos falsificados, utilizando o nome de um profissional que negou ter prescrito os tratamentos. Já o casal Grazielle Galhardo e André Luiz Ribeiro teria apresentado mais de 500 pedidos de reembolso com base em documentos fraudulentos. Os prejuízos causados à SulAmerica ultrapassam meio milhão de reais, e não se trata de caso isolado, mas de cenário que exige apuração rigorosa.

Segundo a Associação Brasileira de Planos de Saúde, fraudes como simulação de atendimentos e falsificação de carteiras somaram R$ 12 bilhões em perdas entre 2019 e 2024. Esses desvios, longe de serem absorvidos pelas operadoras, são repassados ao consumidor final por meio de reajustes constantes nos valores dos planos. Hoje, uma mensalidade de saúde privada se tornou inacessível para grande parte da população, em certa medida porque práticas ilícitas elevam os custos do sistema como um todo. A consequência direta é o aprofundamento da desigualdade no acesso a serviços médicos, reforçando um modelo que penaliza justamente quem mais precisa de assistência.

É urgente que os casos descobertos em São Caetano tenham desdobramentos concretos. Punição exemplar, por exemplo, talvez possa inibir futuros meliantes. Investigações aprofundadas, com o devido suporte técnico e jurídico, são indispensáveis para conter esse tipo de crime. Além disso, é necessário ampliar os mecanismos de controle e auditoria nas operadoras, de modo a dificultar fraudes e aumentar a transparência. A saúde suplementar brasileira não pode continuar sendo sustentada por um ciclo de perdas e repasses. Combater quem se aproveita das brechas do sistema é proteger os milhões de cidadãos que, com sacrifício, ainda conseguem pagar por um plano de saúde.

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