Os leitores do Diário certamente se lembram. Em fevereiro, logo depois que a Capital conseguiu proibir na Justiça que as plataformas continuassem a oferecer o serviço de mototáxi, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC decidiu encampar o tema e se comprometeu a iniciar a discussão para, em nome da segurança viária, seguir os passos de São Paulo. Três meses depois, todavia, o tema segue no terreno das boas intenções. As reuniões no colegiado se sucedem sem que o assunto entre em pauta. A indefinição sobre o avanço da análise da questão pelos sete prefeitos da região expõe a falta de urgência em lidar com uma demanda que impacta diretamente a segurança viária. O que está havendo?
Enquanto o Consórcio protela a discussão, dados oficiais mostram que acidentes de trânsito envolvendo motociclistas aumentaram 15% no Grande ABC desde 2021, e as mortes ligadas a esse tipo de transporte também cresceram. Só em 2024, a região registrou 102 óbitos em ocorrências com motos. Em São Bernardo, onde o serviço de mototáxi chegou a ser proibido por lei e posteriormente liberado pela Justiça, os chamados ao Samu envolvendo motocicletas aumentaram quase 27% em um ano. Os números demonstram que o tema precisa ser enfrentado do ponto de vista da gestão pública. Sabe-se que o assunto é espinhoso e altamente impopular, daí a importância de ser tratado conjuntamente.
A omissão em relação ao tema só favorece a desorganização e a insegurança nas vias das sete cidades. Prefeitos e vereadores já indicaram que a discussão deve ser conduzida de forma conjunta, para evitar decisões isoladas que gerem confusão ou desigualdade de regras entre municípios vizinhos. É papel do Consórcio dar encaminhamento imediato àquilo que ele próprio definiu como prioridade. A proibição do mototáxi não pode seguir indefinida enquanto vidas continuam sendo perdidas. O Diário, que acaba de comemorar 67 anos de serviços prestados ao Grande ABC, não se esquece dos temas que podem melhorar a qualidade de vida dos moradores da região. O jornal seguirá de olho.
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