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Andreense procura irmã biológica desaparecida

Após reencontrar a mãe, Élide sonha reunir família separada pela violência doméstica

Lays Bento
20/05/2025 | 09:05
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FOTO: Claudinei Plaza/DGABC


Há três anos, após 43 de procura, a jornalista andreense Élide Soul, 62, encontraria sua mãe biológica, Angelina Maria, 87. Hoje, no aniversário da mãe  filha, a procura passa a mirar a irmã mais velha da família, Eunice, 65 – peça marcada (e perdida) de uma história afetada pela adoção ilegal, violência doméstica e casamento forçado em Pernambuco. 

Tudo começou com Élide descobrindo ser adotada, aos 16 anos em um funeral. “Mesmo minha mãe adotiva (Ilca) tendo morrido há 10 anos, com 90 e extremamente lúcida, ela nunca respondia quando eu perguntava sobre. Meu pai (Osias), que considero meu herói, e ela me criaram desde bebê e sou grata a tudo que aprendi com eles. Então por 43 anos investiguei, falei com muita gente, busquei registros e só um exame de DNA genético, foi capaz de apontar o caminho”, conta ela que, diagnosticada com depressão e, sem resposta mais dos remédios, não esperava descobrir no tratamento sua origem – e muito menos como foi tirada da mãe biológica durante o nascimento. Por uma incrível coincidência, sua mãe estava no mesmo banco genético que ela acessou.

Em 2022, após uma reunião em Miguel Paulista, Angelina (mesmo com lapsos de memória gerados pelo Alzheimer) pôde retratar, pela primeira vez, a história de vida que a levou a se separar das duas filhas e buscar um futuro com segurança em Santo André. 

O ano era 1960, em Garanhuns, Pernambuco, quando a então jovem foi forçada a casar com um homem (João Ferreira [PEREIRA] de Lima) 30 anos mais velho, em troca de terras. “Pela história que nos contou, ela era filha de indígena, já meu pai biológico era de linhagem europeia. Depois de inúmeros estupros e de apanhar muito, minha mãe engravidou e deu à luz a uma menina”, diz, sobre a irmã desaparecida, descrita com loira de olhos claros. 

Três anos depois, ao descobrir a gestação de Élide, Angelina teve de fugir. “Ele espancou ela por cinco dias seguidos, o que só deu tempo para minha mãe conseguir buscar ajuda, com a roupa do corpo, a 10 quilômetros de distância. Em pau de arara procurou a irmã em Santo André”, conta a filha.

Em parto, no Hospital Municipal de Santo André, Angelina viu a filha pela última vez. “Depois disso, em negociação, uma assistente social foi responsável por trocar os registros, como se eu tivesse nascido em outro hospital.”

Em 2023, um ano após o reencontro, a família esteve na cidade onde a história começou. Em busca no cartório, suspeitaram que o nome da irmã mais velha foi trocado em registro. “Sumiu. É como se ela (Angelina) não tivesse nem mesmo tido um filho lá. A gente voltou, mas a busca sempre será incessante, porque vejo como a última etapa para conhecer, enfim, minha vida por inteiro”, conta a jornalista.

Informações sobre o paradeiro de Eunice podem ser encaminhadas ao Diário no WhatsApp (11) 99653-0197.




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